As únicas páginas do Evangelho...

Não precisamos ter medo das pessoas que pensam diferente de nós. A diversidade não é uma ameaça, mas uma riqueza. Penso que muitas vezes impomos fronteiras no diálogo por medo de perdermos nossas convicções. Se é assim, então essas convicções não têm consistência. Melhor mesmo é usufruir da arte e da sabedoria de aprendermos a ouvir as pessoas. Quando há reação contra os valores que vivemos e expressamos, é porque, talvez, haja motivos para essa atitude. Condenar nunca edifica! Escutemos as críticas dos outros e saibamos com sabedoria e inteligência dizer o que pensamos e no que acreditamos, conscientes de que isso não é tão fácil, mas salutar, necessário. As pessoas precisam e querem o Bom, o Belo, a Vida, ou seja, querem a Deus, mas nem sempre sabem expressar a melhor maneira de reclamar isso para suas vidas. Nas reações deve haver sempre uma leitura preciosa das entrelinhas. O desejo de Deus está escrito no coração do homem. Todos queremos ser felizes, por isso temos que ter a coragem de propor o Evangelho, de forma atraente, conquistadora, não impondo, "exigindo conversão" dos outros. Uma coisa é certa: as pessoas estão muito atentas ao nosso modo de viver e agir. Há uma necessidade quase que desesperadora por testemunhos, por exemplos de vida. Para muitos que cruzam o nosso cotidiano ou participam, de alguma forma, de nossa convivência, seremos as únicas páginas do Evangelho acessíveis a elas. Não é fácil a fidelidade, mas a graça de Deus é o nosso fundamental auxílio. Estamos sempre a escolher outra vez a vida nova para partilhá-la aos outros! Não tenhamos medo!
Ant. Marcos - novembro de 2010

Dentro estás, se dentro estás...

Eu não saberia dizer o que nos leva além das palavras e mesmo dos gestos, para que alguém se torne tão vivo dentro de nós, tão presente, tão construtivo. Nem mesmo poeta eu sou para traduzir essa dádiva divina e esse mistério. Quisera Deus eu tivesse um pouquinho do talento de Homero, de Dante, de Dostoiévski, de Drummond, de Clarice ou, quem sabe, das linhas sapienciais dos Escritos Divinos. Sim, não sei ainda dizer como se deve amar, mas sei que há pessoas que na simplicidade e na beleza do que são por dentro, ensinam-me a amar, a acreditar outra vez na vida, nos sonhos, na arte de recomeçar olhando para as surpresas de Deus, pois elas nunca se esgotam. Talvez esta seja a única coisa que eu sei: estou reaprendendo a amar, não nos livros, não nas letras e canções, mas nas páginas da vida de algumas pessoas que já existem aqui dentro e que me ajudam a sair do meu casulo. As lágrimas de ontem , agora eu sei, foram necessárias, mas hoje eu “posso até ficar triste”, mas insisto em voltar-me para o nascente. Hoje, exatamente hoje, o sol nascerá outra vez e alegrar-me-ei! Obrigado, amigos, é muito bom tê-los aqui próximos, porque, como diz a canção, “dentro estás, se dentro estás”. Os amigos nos ajudam a ver o mundo por outro ângulo!
Ant. Marcos - janeiro de 2011