Somos nascidos de novo. Aleluia!

No dia de ontem, 23 de abril de 2011, Sábado Santo, reunido com Maria e a rezar na espera do “Grande Dia de Páscoa”, lembrava que estava completando exato um ano que deixei a Comunidade de Vida Shalom, não a fé, muito menos a “vida missionária”, porque o mandato do Batismo para o anúncio de Jesus é irrevogável, como irrevogável é a vocação à santidade. Ao chegar a Solene Noite da Vigília, segurando a vela acesa, tive a feliz oportunidade de renovar as minhas promessas batismais, reunido em torno do Sucessor de Pedro e dos meus irmãos de fé. Tudo marca um novo tempo, uma realidade nova, exatamente como cantávamos com as velas acesas na mão enquanto éramos aspergidos: “Banhados em Cristo somos uma nova criatura. As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia. Aleluia. Aleluia”. Nascidos de novo, uma verdadeira Páscoa da Ressurreição. “Não fiqueis a lembrar coisas passadas, não vos preocupeis com os acontecimentos antigos. Eis que farei uma coisa nova, ela já vem despontando: não a percebeis?” (Is 43, 18-19). Evidentemente, vos explico: “As coisas passadas” neste contexto pessoal não são o Carisma e a beleza da Comunidade Shalom, a quem terei sempre eterna gratidão e sempre amarei com amor filial, mas as “coisas passadas” aqui correspondem ao que, por muitas ocasiões, tentou ofuscar a vontade de Deus na minha vida. E essas coisas não vinham de fora e “nem dos outros”, mas de dentro de mim. “Senhor, eu darei a minha vida por ti!” Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes” (cf. Jo 13, 36-38). Quanta alegria encontrar o caminho do túmulo nesta manhã – quando ainda era noite, como diz a Palavra – e, para a minha surpresa, encontrá-lo vazio: os meus pecados não venceram Jesus. Jesus venceu os meus pecados! É exatamente esta a Obra Nova que desaponta e eu a vejo! Sim, tenho consciência, esta Ressurreição de Jesus ainda precisa crescer e ganhar força dentro de mim e nas minhas ações, como diz Frei Patrício Sciadini: “Nem sempre tenho o coração livre. Também não é sempre que consigo ver Cristo Ressuscitado nos meus irmãos que lutam e se levantam dos seus pecados enquanto permaneço deitado no chão”.  Porém, de uma coisa eu tenho absoluta certeza: eu provei a força da gratuidade de ser amado apesar de meus delitos. A cruz é testemunha disto! Posso até negá-lo outra vez, mas não pela presunção de quando achei que “daria a minha vida por ele com minhas próprias forças”. No entanto, a Ressurreição de Jesus é um contínuo processo no qual ouvimos d’Ele: “Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá!”
Chegamos à manhã do Grande Dia. Feliz Páscoa aos amigos e amigas destas humildes “linhas e reticências”.
Ant. Marcos – Páscoa da Ressurreição 2011