O coração canta e ama...

E quando o encontro acontece, quando os olhos e o coração, a alma e todo o ser sinalizam que há um amor despertando, o desejo de continuidade é forte, e sua força emana de uma reciprocidade, de quem escolhe e é escolhido, de quem ama e é amado. Ó Adão, tu cantaste naquele jardim quando teus olhos viram aquela que fora pensada pelo Amor, pensada para ti, guardada e entregue a Ti para ser amada. Ó Eva, nós sabemos e cremos, tu amaste teu Adão porque nem mesmo a morte destruiu aquele encontro, aquele amor. E quanta alegria naquele Sábado Santo, no exato momento em que vossos olhos e coração viram o Amor chegar ressuscitado e resgatá-los ao amor original, ao primeiro amor para com o Criador e ao primeiro amor nascido entre vós. Sim, só no verdadeiro Amor uma vida partilhada pode ter vocação definitiva sem perder o fascínio, o apaixonamento mútuo, a criatividade, a beleza de ser um mortal, mas de comportar em si o dom, o desejo e a possibilidade do para sempre. Ó Amado de nossas almas, quão belo é o amor humano, quão bela é a vida partilhada na mesma intensidade com que a recebemos, seja a que provém de Ti, seja a vida de quem continuamente nos leva ao êxtase do coração e da alma: “Esta, sim, é osso de meus ossos e carne de minha carne!” (Gn 2,23).

Ant. Marcos