A chegada da luz...


De repente aos nossos olhos já despertos, ou mesmo ainda vigorosos depois da vigília da prova, o exuberante nascer do sol vem ao nosso encontro, descongela a alma, encanta os sentidos, apaixona o coração. É dia, é vida que se renova, esperança de um novo encontro, o céu ao alcance de quem aprendeu a esperar para além da escuridão e do medo da noite. “As bondades do Senhor! Elas não terminaram! As suas ternuras não se esgotaram! Renovam-se cada manhã. Grande é o teu amor!” (Lm 3,21-23). Os encontros emanam deste novo nascer e nos dão o consolo humano de que os braços de quem chega também aquece, consola e restaura. Porque a chegada da luz aquece e anuncia que uma obra nova se inicia. “Elas não terminaram, as ternuras de Deus!” São elas que geram a saudade e o encontro. Os olhos podem contemplar a gratuidade de um amor que vem cada dia me aquecer. Eu desejo, desejo como nunca e meus olhos veem a beleza dessa nova luz. Nasce e aquece, ó luz do amor, vem chama viva, não é mais hora de dormir, meu coração está desperto, acordado outra vez por este amor que nunca deixa de surpreender.
Ant. Marcos – maio de 2011
Imagem: Antonio Marcos (jpg) - Campos Belos-CE.

Quando Deus se torna vulnerável...


Voltei nesses dias, sempre nas horas avançadas da noite, a colocar os meus olhos e coração nas páginas impressionantes dos Escritos de Madre Teresa de Calcutá (“Venha, seja minha luz”) que, por sua vez, sempre me proporcionam uma rica experiência de Deus. Quando escreve as cláusulas esclarecedoras aos pontos solicitados pelo seu pastor, o Bispo a quem dependia da aprovação para a sua nova missão, afirma cheia de confiança e fé: “Nosso Senhor nunca Se permitirá ser separado de mim – nem permitirá que alguém me separe Dele”. Fiquei pensando, rezando e adormeci dialogando com Deus tentando entender aquela absoluta confiança que Madre Teresa depositava em Cristo, o seu Senhor. Evidentemente vieram-me as palavras de São Paulo: “Sim, eu tenho certeza: nem a morte nem a vida, (...) nem outra criatura alguma, nada poderá separar-nos do amor de Deus, manifestado em Jesus, nosso Senhor” (cf. Rm 8, 35-39). E, antes dormir, tive tempo de pedir a Deus a virtude da confiança, a graça de acreditar com todas as minhas forças que absolutamente nada e ninguém me separará do amor de Deus, pois o meu passado, o meu presente e o meu futuro estão em Suas mãos amorosas, fidelíssimas e providenciais. Não há outra explicação para a coragem de Madre Teresa em enfrentar o desconhecido e para o ato de acreditar que qualquer coisa que lhe acontecesse não estaria sozinha, Deus teria seus desígnios, pois não é incoerente e, na sua sapiência, sabe extrair o bem dos erros de seus filhos quando são humildes o suficiente para pedir-Lhe ajuda e a graça do recomeço. Mistério de amor e de amizade entre duas vidas: uma pobre mulher frágil e um Deus poderoso. Uma mulher forte e imbatível por causa de uma fé que remove montanhas, o que parece deixar Deus “vulnerável” diante dela; Ele insiste, suplica, espera o tempo que for necessário: “Vem, filha. Seja minha luz!”. O amor parece se dobrar à amada. Mistério de conquista, de pertença, de amizade, de salvação. Mistério de um amor que nunca poderá ser retirado. Quero viver nesta certeza, quero viver nesta absoluta confiança no teu amor, meu Deus.
Ant. Marcos – maio de 2011