O amor não é cálculo...

Quantas pessoas me levam a ser melhor sem que o saibam disso, e não fazem coisas extraordinárias, muito menos chamam a atenção para si, apenas fazem da sua vida uma relação de amizade com Deus, “querem corresponder ao amor de Cristo por uma vida santa”. É certo que trazem em si uma beleza interior e, não obstante suas fraquezas e limitações, gostam muito do sorriso, dedicam-se à caridade fraterna e andam de mãos dadas com o entusiasmo concedido pela fé e conversam sempre com a esperança. São pessoas, algumas delas amigos e amigas, que despertam em mim aquela santa inquietação e salutar necessidade de progredir. Alguns até chamam isso de “santa inveja”, o sentimento que provoca em nós os virtuosos, se é que podemos falar assim. O fato é que gosto da “ação de quem corresponde” porque implica uma resposta, uma ação da liberdade, um querer, um desejar. Isso abre a porta do coração para a ação da graça que “não quer nos salvar sem a nossa colaboração”. Ah, quantas pessoas, se eu fosse contá-las... Na verdade, já não seria virtude, porque “o amor não é contabilizável”, diria Teresinha do Menino Jesus. O amor não é cálculo, é celebração e gratidão!
Ant. Marcos – março de 2011

Minha Quaresma

Estava pensando nesses dias que deveríamos rezar mesmo pelas pessoas que nos pedem oração, ainda que uma oração simples e mínima. Como Igreja é maravilhoso perceber que nós rezamos juntos a pedir que Deus nos conceda a maior de todas as graças: “progredir no conhecimento de Jesus Cristo” (Oração do Dia, 1º Domingo da Quaresma). Gosto da palavra “progredir” porque implica processo que comporta tempo, passos, quedas, recomeços e decisões. Importa que o desejo da amizade com Jesus não cesse em nós e que possamos dar passos. Também quando rezamos pelos outros precisamos esperar que eles “progridam”, não como queremos ou desejamos, mas como Deus permite segundo a abertura do outro. Progredir implica paciência, e paciência pede amor. Só o amor é capaz de esperar contra toda desesperança. Só amor não sufoca o passado, nem condena a pessoa que o viveu, utiliza-o como “escola para o hoje” na esperança de um progresso a caminho do amanhã.
Minha Quaresma decorre especialmente na vivência desta súplica: “Concedei-me, ó Deus, a graça de progredir na amizade com Jesus, na correspondência ao Seu amor por uma vida santa”. Se eu for santo, os outros serão melhores! Mas não peço somente por mim, mas por tantas pessoas que sei que precisam ou que se recomendaram às minhas orações. Ultimamente as pessoas têm me pedido muito que reze por elas, e não posso deixar de ver isso como uma missão que Deus me confia. Portanto, quero rezar pelas pessoas, porque isso me faz ter esperança de que o amor e a providência de Deus têm a última palavra em suas vidas. Quero ser como as mãos do sacerdote, partilhar aos outros o maior tesouro que tenho: Jesus Cristo.
Feliz Tempo da Quaresma!
Ant. Marcos – Cinzas, Quaresma de 2011