Tantas páginas bonitas no nosso livro existencial


No Dia Mundial do Livro, 18 de abril, eu me encontrei a pensar no “Livro da Vida”, ou seja, não esse que compramos ou ganhamos de presente dos amigos, o livro de papel, mas aquele que consta as páginas de nossa existência, as páginas que cada um está escrevendo pessoalmente. É certo que os livros convencionais exercem uma função específica na vida, especialmente quando estão correspondendo a alguma necessidade fundamental, desde o aprendizado escolar, acadêmico ou o simples prazer do conhecimento humano e espiritual. Alguns livros passam rápido por nossas mãos. Tem gente que nunca gostou deles. Já outros os amam demais! Amamos este e não gostamos daquele. Tem gente ainda que gosta de juntá-los, formando assim o acervo pessoal e outros gostam de lê-los e depois presentear os outros. Bem, quanto ao livro da vida, este é um dom de Deus por excelência. Não o recebemos dos outros nem compramos, Deus no-lo concedeu. Nós o escrevemos por toda a vida, do nascer ao definhar. Não escrevemos letras de tinta, mas a nossa própria história. A verdade é que o livro da vida tem páginas horrorosas, mas não devemos rasgá-las, rasurá-las, escondê-las. A gente sabe bem das muitas quedas que tivemos e outras que ainda possivelmente as teremos. Quantas bobagens nós praticamos. Quem de nós é capaz de dizer que nunca fez besteira, e o pior, sabendo que estávamos errados. No entanto, o que passou, passou! Por que ficar preso ao passado? Por que ficar remoendo as coisas ruins de nossa história? É importante e indispensável que tenhamos aprendido com essas páginas horrorosas e não nos envergonharmos delas a ponto de nos paralisarmos quanto ao novo que podemos viver! Tem tantas páginas bonitas no nosso livro existencial, tanta coisa linda, tantas coisas louváveis e que passaríamos dias e noites sentados com quem amamos a partilhar nossa vida. Olhe as páginas bonitas e agradeça a Deus todos dias por elas. Construa uma coisa nova! Peçamos ao Espírito Santo a graça de nos afastarmos de tudo o que separa de Deus e de nos aproximarmos de tudo o que une a Deus. Hoje eu pude rever as páginas bonitas da minha vida e que tantas pessoas me ajudaram a escrevê-las quando me dedicaram a doação de suas vidas e a amizade. Obrigado meu Deus! Quantas páginas bonitas existem no meu livro da vida!
Ant. Marcos – 14 de abril de 2011.

Em algum momento nos encontraremos...


Também a Semana Santa são dias de silêncio. Confesso que eu desejei muito que esses dias chegassem, não no calendário simplesmente, mas na minha vida, evidentemente. O amor ou os “nossos amores” têm seu objeto. Não há por que traí-los, ainda que sejamos infiéis. Nossas infidelidades não devem justificar a decisão de desistir. Daí que a gente se aproxima de alguns personagens nesses dias santos. Com quem mais você se identificará nesta Semana Santa: com aquele homem que cedeu o jumentinho e cobrou uma explicação dos apóstolos, com Judas, com o dono da casa que cedeu a sala para a ceia, com Pedro, Pilatos, Anás, Caifás, Barrabás, Maria mãe de Jesus, Maria de Betânia, Simão Cirineu, João, José de Arimatéia, o bom ladrão, o mau ladrão? Não sei a sua resposta! Deus te ajudará a viver essa identificação, não como algo simbólico, mas como vivência do mistério, processo de transformação. Que esses personagens nos ajudem na configuração com Jesus. Sim, porque até mesmo quando me sinto um “mau ladrão” tenho diante de mim a oportunidade de ser salvo. Minha liberdade decidirá: murmurar ou pedir que tenha o Senhor misericórdia de mim! No entanto, algumas coisas nos desconcertam porque a lógica desses dias escapa à nossa. A traição de Pedro não foi o fim. Judas foi chamado de amigo na hora da traição. Um malfeitor ganha a salvação nos últimos instantes da sua agonia. Meu Deus, esses dias falam tanto de misericórdia e gratuidade. São dias muito especiais de graça a Semana Santa, especialmente o Tríduo Pascal. Não fiquemos presos às perguntas, ao que não entendemos, muito menos às nossas fraquezas, mas acompanhemos os passos de Jesus, ainda que distantes e tomados de medo. Desejo que você viva bem esses dias, viva-os – como disse Frei Patrício – como sendo o melhor retiro espiritual pra sua vida. É bem verdade que encontramos nesses dias também os nossos “inimigos” e os nossos amigos. Não se trata de uma celebração estéril a Semana Santa, mas de encontros e confronto com as nossas decisões e valores. Em algum momento olhamos o rosto dos que conhecemos. São tão misteriosos esses dias, tão atuais, tão reais..., talvez explique o meu desejo que tão logo eles chegassem. Desejo-te, então, uma feliz Semana Santa! Não sei onde e quando nos encontraremos, só espero que quando isso acontecer, o nosso coração esteja a pensar unicamente na vida do Mestre. A nossa vida não depende dos nossos encontros e desencontros, mas do sim de Jesus. É para Ele que serão atraídos todos os rostos quando for erguido no madeiro da cruz. Nossa Senhora nos acompanhe e nos ajude a viver bem o mistério da nossa salvação. Aquela bendita e esperada manhã de Domingo chegará!
Ant. Marcos – início da Semana Santa 2011