Parece que as palavras voltaram...


Muitas vezes não consigo nada escrever, nem mesmo tentar traduzir o que se passa aqui dentro, pois faltam as palavras, as ideias não se juntam, o coração não consegue entrar em sintonia com a mente. Tudo parece ficar suspenso, tudo parece exigir apenas quietude. São processos de mutações necessárias, sobretudo quando vivemos um tempo em que os valores nos quais acreditamos são os primeiros a exigirem consonância de vida. Temos os nossos refúgios, tenho os meus também. As coisas parecem decifradas, mas apenas parecem. Eu descubro que a minha interação com a vida, com as ideias, com os fatos e as pessoas é o que conta como mais importante, afinal a gente não tem como descrever a experiência de uma arte ou de um lugar apenas imaginando. A vida pede participação, presença, compromisso, vínculos, simbioses... Aí, quando isto acontece, os dias mais desafiantes não parecem assustar porque estamos, mais que "juntos", na existência do outro. O amor e a amizade têm seus dias de silêncio, não de indiferença e de descompromisso do cultivo. Parece que as palavras voltaram, e voltaram provando a mim mesmo!

Ant. Marcos 

Um comentário:

  1. Sim meu querido, às vezes parece que elas se vão, não deixam de existir, só não sabemos como nos expressar e aquela intimidade que tínhamos com a caneta e papel parece distante, aversa. E talvez seja isso, a mente quer pensar apenas, o coração quer sentir apenas, sem deixar nenhum registro. E no fundo iremos compreender sim, porque escrevemos o que há em nós e o que há em nós sempre se revelará, se não por escrito será no silêncio que se propaga tão forte quanto as palavras.

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