Muitas vezes não consigo nada
escrever, nem mesmo tentar traduzir o que se passa aqui dentro, pois faltam as
palavras, as ideias não se juntam, o coração não consegue entrar em sintonia
com a mente. Tudo parece ficar suspenso, tudo parece exigir apenas quietude.
São processos de mutações necessárias, sobretudo quando vivemos um tempo em que
os valores nos quais acreditamos são os primeiros a exigirem consonância de
vida. Temos os nossos refúgios, tenho os meus também. As coisas parecem
decifradas, mas apenas parecem. Eu descubro que a minha interação com a vida,
com as ideias, com os fatos e as pessoas é o que conta como mais importante,
afinal a gente não tem como descrever a experiência de uma arte ou de um lugar
apenas imaginando. A vida pede participação, presença, compromisso, vínculos, simbioses...
Aí, quando isto acontece, os dias mais desafiantes não parecem assustar porque
estamos, mais que "juntos", na existência do outro. O amor e a
amizade têm seus dias de silêncio, não de indiferença e de descompromisso do
cultivo. Parece que as palavras voltaram, e voltaram provando a mim mesmo!
Ant. Marcos
Sim meu querido, às vezes parece que elas se vão, não deixam de existir, só não sabemos como nos expressar e aquela intimidade que tínhamos com a caneta e papel parece distante, aversa. E talvez seja isso, a mente quer pensar apenas, o coração quer sentir apenas, sem deixar nenhum registro. E no fundo iremos compreender sim, porque escrevemos o que há em nós e o que há em nós sempre se revelará, se não por escrito será no silêncio que se propaga tão forte quanto as palavras.
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