O fio de grama...

Pasmo! Foi como fiquei interiormente quando, depois de falar sobre a importância dos pequenos gestos de reconciliação aos meus pequenos alunos, “amigos da Sophia”, um deles me procurou no final da aula e me relatou uma experiência que vivera com seu avô. Ela o havia ofendido por uma situação de raiva, mas logo o procurou para pedir desculpas. O avô a olhou e disse: “Filha, desculpas não se encaixam! Não entendeu? Explico-lhe”. Pegando um fio de grama que estava sob seus pés, partiu-o ao meio e lhe entregou, dizendo: “tente encaixá-lo!” No que ela não conseguiu, ouviu como conclusão: “As pessoas se utilizam do pedido de desculpas como se isso resolvesse nossos erros e o que causamos aos outros. Portanto, desculpas não se encaixam!” Ela se retirou muito confusa com aquela reação do avô, pois, trata-se de uma garota de apenas 10 anos de idade. E, perguntei-lhe: você acreditou naquilo? “Não, tio! Não acreditei e agora, depois de ouvi-lo na aula falar sobre a importância dos pequenos gestos como o pedido de desculpas, mais ainda me convenceu de que meu avô não estava certo”. Fiquei emocionado e passei dias pensando nesse acontecimento! Não tive tempo de falar sobre as possíveis razões que levaram seu avô a tais “afirmações infelizes” para uma neta de 10 anos que está em processo de assimilação dos valores, pois poderia ter causado uma tragédia irreversível, porém, eu sei, nós sabemos que o pedido de desculpas e perdão pode até não ser sincero e não mostrar aquela disposição interna para uma mudança, no entanto, se o outro não é sincero, nós temos a “obrigação” de o ser porque perdoar sinceramente independe se o outro vai assimilar uma mudança de vida ou não. O que não significa omissão na ajuda no processo de conscientização do outro, expondo-lhe, se conveniente e com caridade, a verdade para ajudá-lo a ver as máscaras. O fato é que a “matemática e a fria lógica do fio de grama” não é a lógica do Evangelho, que ama sem cálculo “até o extremo!” Bendita ocasião que me favoreceu um aprendizado inesquecível. Graças a Deus, nós saímos daquela rápida conversa ainda mais convencidos de que “desculpas se encaixam!”.
Ant. Marcos – março de 2011.

Um comentário:

  1. Já ouvi isso e realmente dói, saber que as pessoas estão tão fechadas a ponto de não mais acreditar nas desculpas, no perdão... Não somos sempre certos e pedir desculpas é justamente reconhecer que não somos perfeição, que erramos e por fim que tomamos consciência do erro e assim voltamos o passo para que não permaneçamos no erro. A soberba é o patamar do ego, o perdão o patamar dos humildes.

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