Deixe-as livres...


Eu compreendo perfeitamente que as nossas vidas precisam e devem seguir. Compreendo que na dinâmica das relações com aqueles que amamos nem sempre conseguimos permanecer tão próximos, tão participativos..., tudo bem! Porém, às vezes, sinceramente, não compreendo o fato de que o processo de "descarte" seja tão sensível em certas relações. Faço apenas uma constatação!

E quando faço esta observação não estou simplesmente olhando os outros, suas ações, mas as minhas, primeiramente. Tem gente que precisa mesmo "passar de nossas vidas”, continuarem seus rumos, suas procuras, e não mais compartilhar de nossos interesses, sonhos e ideais. Já outras pessoas despertam em nós um desejo profundo de uma "simbiose existencial". Pessoas que não estão por perto, mas que são tão significativas para nós. Pessoas que não podem ser acusadas de "não saberem cultivar" a relação de amizade, porque não se trata de indiferença. Quando falo em cultivo da amizade, eu sei, eu sinto, eu necessito reaprender a cultivar as minhas.

No entanto, apesar de minhas omissões, minhas constatações são salutares, não são desprezíveis... “Não segure as pessoas para si”, dizia-me um amigo. “Deixe-as livres! Apenas cuide de plantar nelas as sementes do bem. Se elas não voltam não tem problema, elas precisam seguir... Apenas continue fazendo da sua vida uma ação concreta de plantar a semente do amor”.

No caminho existirão outros encontros, nós o sabemos! Haverá sempre outras descobertas tão maravilhosas e surpreendentes. O hoje se constitui de sementes que devem ser lançadas e, quem sabe um dia, com as novas árvores crescidas, os pássaros que se foram possam vir buscar abrigo.

Ant. Marcos

Você está bem?



A gente sempre costuma perguntar a quem encontra e com quem se comunica: “Você está bem?”. Pergunta esta que sai quase que automática, por isso também recebe uma resposta automática: “sim, estou bem!”. Quando a pessoa responde que “não está bem”, a gente toma um susto. É como se o convencional, o técnico, a frieza da pergunta fosse encurralada. Uma resposta que não esperávamos, afinal, apesar deste mundo ser de tantos desafios e dores as pessoas jamais ousam dizer que “não estão bem”. É certo que a gente diz sempre que “só confessamos nosso real estado interior de alma” para com quem temos confiança, liberdade e intimidade. Pelo menos a maioria pensa assim! O fato é que muitos de nós não sabemos o que fazer e o que dizer diante de quem se diz “não estar bem”. Eis uma boa questão pra gente refletir. Outro dia fiz a pergunta para um “colega” e tive a seguinte resposta: “Estar bem para quem tem fé não é dizer que não existam desafios, mas que, apesar deles, a confiança em Deus nos ajuda a seguir serenamente. Então, posso dizer que estou bem!”.

Ant. Marcos

Deus está sempre presente...



O que às vezes dizemos sentir em nossas vidas acerca de um certo "distanciamento de Deus", pode ser ocasião propícia para uma nova procura, um novo encontro. A sensação de "ausência de Deus" é dolorosa, mas nos ajuda a nos purificar de uma fé sentimentalista e chegarmos a "crer sem ver e sem sentir". Deus está sempre presente. Nós é que nem sempre conseguimos enxergá-Lo, senti-Lo, mas, tenhamos paciência conosco e confiança em Deus em qualquer situação. A contemplação do que aconteceu no alto da cruz nos ajuda muito a viver nosso "gólgota". Coragem!

Ant. Marcos 

Nunca desistir de si mesmo...


As palavras do jogador Adriano (numa entrevista em um programa esportivo na TV aberta, domingo, 18 de setembro de 2011) muito me fizeram processar no coração algumas coisas, exatamente por identificar-me com as afirmações motivadoras e esperançosas do atleta, sobretudo no tocante à superação dos desafios que o tentaram a desistir dos seus sonhos. Depois de um longo período se recuperando de uma grave lesão no tendão de Aquiles, Adriano disse que “não é fácil dar a volta por cima” e que “quando pensou em desistir, as pessoas que o amavam não aceitaram tal decisão e reagiram motivando-o a seguir adiante”. São os verdadeiros amigos, aqueles que permanecem do seu lado, faça sol ou faça chuva.  Percebi que o atleta sente o desafio de aprender a conviver com o descrédito e a desconfiança dos que conhecem suas quedas de ontem. Essas pessoas geralmente não apostam nas mudanças, mas torcem pelo pior. São os que se alimentam das desgraças dos outros. Nesse sentido é preciso “ter cuidado com certas amizades”, afirmou Adriano. Elas inicialmente se mostram confiáveis e do seu lado, mas logo se tornam inimigas quando você não vai bem, quando erra, quando precisa de apoio. Não obstante essas realidades, admirável é a força interior e motivacional do atleta a quem foi dado o apelido de “imperador”. Ele mesmo o interpreta num outro sentido: “Sou um guerreiro! Superei tantas coisas na minha história e não é agora que eu vou desistir. Na verdade vou conseguir me superar porque sei da minha capacidade!”. Parabéns ao atleta Adriano pela superação, pela esperança do recomeço!. Certamente cada um de nós, de um uma forma ou de outra, já teve o seu “tendão de Aquiles” rompido e foi difícil se manter de pé. Necessário foi o tempo paciente da recuperação, ainda que tentador e humilhante, mas o importante é nunca desistir, nunca perder a esperança em si mesmo. Falo como um homem de fé: necessário é deixar a misericórdia de Deus ligar o que foi rompido pelo pecado. “Basta-te a minha graça”, diz o Senhor em sua Palavra! “Aquele que é fraco, diga: Sou um guerreiro!” (Joel 4, 10).

Ant. Marcos

As folhas do chão vão me indicar...




“Com meus próprios olhos / Eu tento te enxergar
Regando os meus dias / Sem medo de errar
Fraco e cansado eu busco acertar
O vento me trouxe / Sons de outro lugar
lembranças distantes/ Que me fazem te encontrar
Sabe de tudo, não quero esperar / A minha vida, me ajude a cultivar
Há sempre uma escolha
Há sempre um caminho que as folhas do chão vão me indicar
Que saem dos meus sonhos, do simples desejo
Que tive a vida toda de te encontrar (...)”
(Trechos da Música “Folhas ao chão” –U2 / Rosa de Saron)

Com meus próprios olhos eu tento te enxergar..., não se trata prepotência, Senhor, mas como quem sabe que preciso hoje, mais do que nunca, também querer, também desejar, também escolher, não obstante minha fraqueza. E o faço sem medo de errar, porque aprendo que o erro não é o meu fim e que o cansaço não pode me impedir de desejar e tentar outra vez acertar. O vento me trouxe, o vento me leva. Eu preciso desse “Sopro”... “Sons, ruído que vem não sei de onde e nem para onde vai”, mas sei que tem força, que anima e revigora, que dá nova vida. As lembranças, mesmo distantes, elas não foram e nem podem ser destruídas, pois me ajudam a Te encontrar. Então, ajude-me, Senhor, ajude-me a cultivar minha vida, pois Tu sabes que não quero esperar... Não quero esperar pelo ontem, pelas incertezas, pois eu sei, eu creio que há sempre uma escolha, há sempre um caminho. Sou um homem de fé. E essas folhas, ah, essas folhas... Que bom, elas indicam que nunca deixei de desejar Te encontrar, são testemunhas... Há sempre uma escolha, há sempre um caminho!

Ant. Marcos

Atraídos por esta Luz...



Lembro bem que os anos de vida missionária me ajudaram a desenvolver o talento de rabiscar umas linhas existenciais, ou seja, escrever aquilo que diz respeito ao mundo interior, ao coração, à alma, às vicissitudes e esperanças da vida humana. Também descobri que não sou escritor, não tenho esta vocação, infelizmente. Apenas “partilho”, faço chegar a alguns uma oportunidade de juntos vivermos aquele acontecimento, aquela percepção, aquela reflexão, extraindo assim uma mensagem, uma luz que irradie esperança dentro de nós. Porém, de uma coisa não posso ter dúvida: escrevo com a ajuda e por causa da luz do Evangelho. Escrevo, na verdade, para propagar esta luz, ainda que o faça com tanta imperfeição. Não me teria sentido rabiscar outra coisa, se ao menos nas entrelinhas não aparecesse o resplendor da grande luz, a luz do amor de Deus, a luz que iluminou minha existência. Mas, confesso, o que escrevo me atinge de cheio porque preciso da conversão. Preciso que as palavras que tocam e “salvam os outros”, primeiramente seja vida dentro de mim, me salvem de toda hipocrisia. Não minhas palavras, mas a Palavra de Deus me salve! Então, resta-me cada dia pedir humildemente: Senhor, eu preciso conhecer, amar e me deixar transformar por Tua Palavra! À exemplo de Santo Agostinho, “prefiro encontrar-te, não compreendendo, a não te encontrar, compreendendo” (Confissões, L.I,6,10). Importa te amar, Senhor, e eu sei que “se a tua palavra tocar o meu coração, começarei a te amar” (L.X,6,8). Por isso não sou escritor, não sei manipular a arte das palavras, mas quero aprender a viver e partilhar a Tua Palavra, “beleza antiga e sempre nova, Palavra que rompeu minha surdez” (L.X,27,38). Dá-me esta graça, meu bom Deus. Que aqueles que chegam à minha vida sejam de alguma forma, iluminados e atraídos por esta luz. Nossa Senhora, mãezinha querida, interceda por mim!

Ant. Marcos