Terminará o que começou...


A canção do meu Ano de Noviciado Shalom (Pacajus, 2001), “Um Novo Tempo”, foi, certamente, uma das canções mais marcantes daquele ano inesquecível. Canção esta que, quando cantada hoje com o coração e em oração, tem a impressionante força de nos animar na esperança e de nos renovar a confiança na graça de Deus, na Sua amorosa providência que faz com que a obra de Deus iniciada em nós chegue ao seu bom termo, da mesma forma que faz com que tudo concorra para o bem dos que O amam.  Assim diz a canção:
“Um novo tempo, nova manhã, nova esperança brotará; Um novo olhar que mudará, transformará todo meu ser. Nascerá novo amanhã, eu já posso ver, sei que posso crer que nascerá novo viver, Ele é fiel e Suas promessas cumprirá! Terminará o que começou, Ele fará um novo acontecer; Fará mesmo que eu não possa compreender. Nascerá novo amanhã...” (Cd. Tempo de Viver, CCSh. - Amanda Pinheiro)
Comentar essas linhas como eu gostaria era preciso espaço que aqui não tenho, porque são tão vivas e tão concretas as frases desta canção. Mas uma breve palavra: Deus termina sempre o que inicia nas nossas vidas. Sua obra nunca fica pela metade, porque “cada coisa tem sua resposta a seu tempo!” (Eclo 39,17). Evidentemente, como bem sabemos, dentro de nossa história existe um “fio de ouro” e ele não se despedaça quando o percurso muda. “Há muitos projetos no coração do homem, mas só o desígnio do Senhor se manterá!” (Pv 18,21). Como não lembrar a noite solene da Vigília de Páscoa, quando todos cantam no “Exultet”, o “Felix Culpa” de Santo Agostinho: “Ó pecado de Adão indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor; ó culpa tão feliz que há merecido a graça de um tão grande Redentor”. 
Pois bem, Deus “terminará o que começou...”, e, pode-se perguntar: e o que Deus começou em nós? A resposta é pessoal! Nem sempre essa resposta corresponde ao que “é externo”, embora este seja muito importante, porque não pode haver “divisão entre o que somos dentro e fora”. Quando isso acontece, para que se chegue à harmonia, o percurso pode mudar, e não está isenta a dor, a dúvida, o medo e até o sentimento de desamparo, porque, na verdade, quase sempre não compreendemos a pedagogia do céu. É verdade absoluta que Deus não queria o pecado de Adão e Eva, mas sabia dessa possibilidade, porém, tirou um bem maior daquele “desastre”, fruto do poder que tem a liberdade em escolher a vida ou a morte. O “fio de ouro” da humanidade não se despedaçou, porque – dizem os Padres da Igreja -, “a recriação e a salvação do homem foram infinitamente mais belas do que a primeira criação”. Deus termina a Sua obra, não a que necessariamente arquitetamos, mas aquela que está nos Seus planos. “Quando o homem pensa que terminou, é então que Deus começa a sua obra; e quando dá por acabado, sua perplexidade permanece” (Eclo 18,7).     
“Nascerá novo amanhã, eu já posso ver!” Obrigado, Senhor, por este novo na minha vida que já posso contemplar! Concede a graça a todos aqueles que precisam reencontrar a esperança e reviver essa experiência. Trago comigo a alegria desta “nova manhã, deste novo viver”, e “ninguém a roubará de mim”, porque fiel é o Teu amor e surpreendentes os Teus desígnios (cf. Jo 16, 22).
Ant. Marcos - fevereiro de 2011

2 comentários:

  1. Deus que vem em resposta ao meu coração inquieto...

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  2. Olá Deyse, bem vinda a estas linhas e reticências, obrigado! É bom saber que Deus se utilizou deste texto para fazer o teu coração reviver a experiência real de encontro com Ele. Tudo é graça! Rezo por ti, pelas intenções do teu coração. Nossa Senhora te guarde. Um abraço em Cristo.

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