É bom estar de volta...


Sentar ao lado e estender as mãos, reaprender com a virtude dos crescidos, dos que provaram da vida e se tornaram escola de sabedoria, escola de gratuidade, de perdão, de reconstrução interior sem esquecer jamais que nunca se pode deixar de “ser para os outros”, sim, é exatamente isto que parece acontecer aqui dentro de mim. Olhar o ontem como parte do hoje, mas como ponte que leva a novos encontros e escolhas, não como paralisação em si mesmo. É bom estar de volta e é maravilhoso sentir as mutações no coração quando essas constituem parte de uma continuidade de um amor que vai além de meus mesquinhos sentimentos. É bom permanecer abrigado na tenda da fé, reencontrar cada dia a alegria deste prosseguir em Deus, e muito mais fascinado do que ontem, mais livre e mais feliz, porque “as bondades de Deus não terminaram, as suas ternuras não se esgotaram. Renovam-se cada manhã!” (Lm 3, 21-22). Sentar ao lado de alguém e reaprender que “só o amor e o perdão merecem revanche”, o resto precisa necessariamente passar, isto também acontece aqui dentro. Inclusive, passam-se os dias e o coração se encontra outra vez maravilhado pela certeza de que há uma novidade em cada detalhe de nossas boas escolhas, ainda que elas tenham sido refeitas no casulo da dor. É bom estar de volta, estender as mãos, reaprender... A virtude dos crescidos também se traduz pela virtude de vidas jovens, vidas que não compactuam com o que destrói a si e aos outros. É bom estar de volta, inclusive é bom reescrever essas linhas, olhar nos olhos daqueles a quem amamos de verdade, sentir que suas vidas alcançaram a nossa, principalmente quando a estrada parecia solitária. Vidas que continuamente comunicam esperança aos nossos cansaços. Sentar ao lado, estender as mãos, deixar-se amar, reaprender o amor doado, ser simplesmente feliz por “ser com o outro e para os outros”.

Ant. Marcos