Aproveite as oportunidades...



Algumas vezes tenho me encontrado pensando nos caminhos providenciais de Deus para com a minha vida. Caminhos estes que incluem, sem dúvida, as relações fraternas, os encontros e amizades. São experiências que têm imprimido em mim como que marcas indeléveis, possibilitando as linhas escritas de uma história vivida, construída. Pessoas que se achegam e “armam suas tendas” no meio de nós, ou melhor, dentro de nós. Dão-nos sombra e descanso. Depois precisam seguir adiante, porém levam consigo muito de nós ou pouco, talvez, mas levam sempre alguma coisa, o que não as obrigam a voltar, apenas de serem melhores. É o que Jean Vannier (fundador da Comunidade ARCA, que tem a missão de trabalhar com as pessoas com Síndrome de DOWN) disse um dia a um de seus filhos, após interrogá-lo desta forma: “Meu pai, por que as pessoas a quem passamos a amar precisam ir embora?” Falava ele dos missionários que eram transferidos depois de um tempo de convivência. Respondeu-lhe Jean Vannier: “Meu caro filho, o amor é assim! Nunca aprendemos a amar para nós mesmos, mas para que primeiramente os outros sejam felizes. Nossa felicidade consiste em deixar que eles partam para que façam com que outros aprendam a amar como nós aprendemos com eles. Esse deixar a quem amamos partir já é um autêntico amar, um gesto profundo de evangelização porque é partilha, é esquecimento de si, é morte do egoísmo. Agora você tem que fazer o mesmo: amar e ensinar outros que estão perto de você a amarem!" Não é fácil perder, desprender-se, despojar-se. Mais doloroso ainda é termos aquela sensação de que alguém que nos queria bem parece não ter a mesma estima e entusiasmo para conosco. Não obstante estes fatos serem inevitáveis, não podemos esquecer que temos uma identidade, um valor, um rosto, um coração que é capaz de amar, de ressignificar as perdas e recomeçar sempre. Tem gente do nosso lado, no nosso convívio, na nossa teia de relações que precisa do nosso amor e cuidado. E as pessoas precisam de tão pouco para serem felizes, desde que seja “um pouco de muito amor”, como diz a canção. Que a nossa única dívida para com os outros, segundo o apóstolo Paulo, seja a dívida do amor. E este amor não é fabricação nossa, mas é dom, tem um rosto, é Jesus amando em nós. Por isso, tenho dito a mim mesmo cada novo dia: “Seja grato a Deus por cada detalhe e aproveite as oportunidades deste dia para amar e fazer os outros um pouco mais felizes”.

Ant. Marcos – outubro de 2011

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