Linhas imperfeitas, porém, vivas...


Não posso negar que tenho muita vontade de aprender a escrever algumas linhas que sejam como que sombra para algumas vidas que necessitam de descanso. Deus me dê este dom! Não posso negar que escrever é uma arte que, embora eu não a tenha, ouso fazê-la, mesmo tão imperfeita e inacabada. Os literários são nossos mestres, são gênios da poesia e do pensamento... A gente aprende com eles a entrar nas linhas dos amigos e amigas, aprende a escutar o silêncio e ler as entrelinhas dos acontecimentos, o que comunicam sobre seus sentimentos, suas razões, suas perguntas, suas revoltas e saudades, suas felicidades. A gente aprende, sobretudo, a entrar em nós mesmos e descobrir nosso quarto, nossos papéis, nosso cantinho onde podemos ficar a sós com nossos rabiscos da alma. E quanta coisa bonita, quanta coisa tão cheia de vida que nasce, muitas vezes, dos escombros, da tragédia, dos desencontros! Tanta coisa bonita que nasce da convivência, dos risos, das experiências mútuas em arriscar no amor, coisas lindas que nascem de quem sabe viver com alegria, com esperança, com arte, com fé, consigo e com os outros. E tem gente que vai chegando que, vai encontrando nas nossas imperfeitas linhas um pouco de si e do que gostariam de traduzir o que sentem. É verdade, tem gente infeliz que se aproxima, que também descansa um pouco. Outros que apenas olham, discordam, distanciam-se... Tem gente muito feliz que chora de alegria com algumas de nossas linhas, que escutam seus corações falando, escrevendo, respirando... Gente que faz de nossas linhas o recomeço, o estimulo, a ponte para a esperança, o salto para novas decisões. É assim, quase sempre descubro que minha memória não consegue produzir o tanto quanto a leitura dos meus olhos. Esta leitura germina dentro o que se passa fora e traz para fora o que o conhecimento não seria capaz. É preciso ver, como primeiro passo. Ver e não permitir que o coração passe adiante, mas que processe as imagens, os fatos, as vidas tantas que encontro, a minha vida que se encontra. Na verdade é mesmo esta vida, a vida que pulsa aqui dentro que vai sendo gestada, traduzida, escrita em linhas imperfeitas, porém, vivas... Escrever, como quero aprender! Mas antes, quero viver, porque a vida é uma arte perfeita. Suas linhas imperfeitas em nada desvalorizam o seu gênio, o que pensou e escreveu, a vida que gestou com o Seu amor criativo. Ele me ensine a rabiscar umas linhas que venham cheias não de perfeição, mas de vida. Só estas podem ser sombra e descanso.

Ant. Marcos.  

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