Os propósitos são mais que simples atitudes

Os propósitos são mais que simples atitudes. As convicções, sobretudo religiosas, se sobrepõem às disposições do estado em que pode se encontrar a alma. O que é construído pela fé como fruto de uma relação com a verdade, está para além de tudo isto. Daí que mesmo quando temos de passar por novas e radicais decisões, não é eliminado em nós este núcleo existencial de que fala a Filosofia. Quem conhece um pouco da vida de Madre Teresa de Calcutá entende minhas linhas escritas. Francisco de Assis nunca condenou o seu tempo de busca pela felicidade dentro da armadura e sobre os bravos cavalos. Este tempo o levou aos encontros necessários. Teresa de Ávila demorou muito para entender que não bastava estar no convento, era preciso configurar-se ao que acreditava. Mas esta configuração não veio simplesmente pela razão, mas pela experiência do encontro decisivo com a Pessoa de Jesus Cristo. Sem este encontro não há sublimação de nossas disposições, não há raiz nas convicções, não há contemplação do rosto de Deus. Sem este encontro não há coragem para optar pela honestidade e pela transparência. Nunca foi fácil entender mudanças radicais e decisões não esperadas. Talvez a coragem de fazer perguntas a si mesmo é o que mais ajuda. Mudar não significa que o primeiro objeto da escolha não tenha mais crédito, não seja santo, não seja ainda objeto de amor sincero e de fé. Daí que a gratidão é o que continua ligando o antes e o depois. Não há acidente no desígnio de Deus, diz a Teologia. Ainda que a condição falha do homem possa influenciar sua liberdade, a graça de Deus será sempre a medida de que tudo pode ser recriado e que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus. 

Ant. Marcos - abril de 2010.     

0 comentários:

Postar um comentário