...eu te amo!

Por que alguns gestos tão simples se tornam capazes de ressuscitar nossas vidas desse formalismo das palavras, das etiquetas de alguns comportamentos e até da matemática dos sentimentos, como ainda do adiamento na demonstração do quanto as pessoas são importantes para nós? Mas eu preciso dizer e com alegria que mais uma vez um gesto desses a me surpreender nesses dias veio de uma criança, de minha sobrinha Jeane de apenas 8 anos. Lembro que no inicio da semana a vi na sala mexendo em papéis, logo me solicitou a cola e imaginei que se tratasse de “coisas de criança”. Entreguei-lhe sem perguntar no que a utilizaria. No outro dia abri despretensiosamente a caixa dos correios e, pra minha surpresa, havia uma correspondência, mas logo percebi a singeleza do formato artesanal. Não era uma carta oficial, quero dizer, formal, era uma prova de amor. O envelope havia sido feito da folha do caderno, nas suas linhas coloridas. Devidamente colada, percebi que continha fora apenas o nome de minha sobrinha, escrito a lápis, Jeane. Perguntei-lhe do que se tratava e não hesitou em me responder: “é uma carta pra minha avó!” Ainda fui insensível ao perguntar-lhe: “Mas, o que está escrito? Por que a fizeste?” Ela, sem graça, apenas sorriu e novamente me disse: é pra minha avó! Entendi que ela queria me dizer que "provas de amor não têm explicação, apenas interessa  identificar a quem se quer amar, exatamente por ter um valor especial para nós!" Então, devolvi a carta no mesmo lugar e avisei minha mãe sobre a mesma. No que abriu, sorrindo e feliz, estava escrito uma única frase: Minha avó Francisca, eu te amo! Benditas coisas de criança que deveriam nos acompanhar nas coisas de adulto. A caixinha do coração seria mais feliz e nós não seríamos tão insensíveis na falta de criatividade e no domínio do medo para simplesmente dizer: ...eu te amo! 

Ant. Marcos – março de 2011.  

3 comentários:

  1. Me esforço pra não deixar de viver isso aqui fora...o Blog esta lindo!!!
    Paulinha

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  2. Sim, não interessa o que tem, se está bem ou mal escrito... Certamente o destinatário entenderá.

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  3. Verdade. A gente vai crescendo e achando que isso é coisa mesmo de criança. Quando na verdade adoraríamos receber sempre um gesto como esse. Nos prendemos na nossa "maturidade de adulto" e temos em expressar a singeleza do amor a quem amamos.

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